
Esta coleção reúne uma amostra da produção científica de Aryon Dall'Igna Rodrigues, que, com uma carreira que se estende por mais de seis décadas, é um dos lingüistas que mais têm influenciado no desenvolvimento dos estudos das línguas indígenas brasileiras. Apesar de não se pretender exaustiva, a coleção visa a ser representativa das contribuições do autor em suas diversas áreas de atuação, incluindo a análise de línguas extintas como o Tupinambá e o Kipeá, a documentação de línguas ameaçadas de extinção (como o Xetá), estudos diacrônicos e classificatórios (como a reconstrução do Proto-Tupi-Guarani, que serve de base à classificação interna desta família) e trabalhos de cunho tipológico e teórico.
Sobre o autor:
Nascido no Paraná em 1925, Aryon Rodrigues já se dedicava a estudos de línguas indígenas no curso ginasial, onde teve entre seus professores o lingüista Rosário Farani Mansur Guérios, pioneiro dos estudos de línguas indígenas no Brasil. Atuando, ao longo dos anos, em diversas instituições de ensino superior e pesquisa (incluindo a UnB, o Museu Nacional/UFRJ e a Unicamp), Aryon Rodrigues tem orientado dezenas de dissertações e teses, sendo responsável direto ou indireto pela formação de diversas gerações de lingüistas dedicados aos estudos das línguas indígenas sul-americanas. São de sua autoria algumas das mais fecundas teorias sobre a classificação das línguas indígenas amazônicas, tal como a hipótese de relacionamento genético entre três dos maiores agrupamentos lingüísticos do continente: a família Karib e os troncos Macro-Jê e Tupí. Seus trabalhos estão entre os mais freqüentemente citados na nossa área. Seu livro Línguas brasileiras: para o conhecimento das línguas indígenas (Edições Loyola), publicado originalmente em 1986, foi escolhido pela Câmara Brasileira do Livro como um dos cem livros do século, ao lado de clássicos do pensamento brasileiro como Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, e Os Sertões, de Euclides da Cunha (os únicos outros livros de lingüística incluídos são O dialeto caipira, de Amadeu Amaral, e Princípios de lingüística geral, de Mattoso Câmara Jr.). Apesar de aposentado, Aryon Rodrigues continua trabalhando ativamente no Laboratório de Línguas Indígenas da UnB (fundado por ele mesmo em 1999), dedicando-se aos mesmos objetivos que desde o princípio vêm norteando sua carreira: a pesquisa, o ensino e a formação de novos pesquisadores.
Obras disponíveis na Coleção:
- A composição em Tupi (Rodrigues 1951)
- A língua dos índios Xetá como dialeto guarani (Rodrigues 1978)
- Argumento e predicado em Tupinambá (Rodrigues 1996)
- Morfologia do verbo Tupi (Rodrigues 1953)
- Relações internas na família Tupí-Guaraní (Rodrigues 1985)
- Tarefas da lingüística no Brasil (Rodrigues 1966)
Links externos:
Há vários recursos online que ajudam a traçar o perfil do autor e a familiarizar o leitor com sua obra. Um dos trabalhos mais recentes, escrito por Wilmar D'Angelis (Unicamp), foi publicado na revista Estudos da Língua(gem), em número em homenagem a Aryon Rodrigues dedicado especialmente às línguas indígenas. Um outro perfil foi recentemente publicado na imprensa — breve, mas bastante informativo, com foco na atuação de Aryon Rodrigues como professor. Há também várias opções para aqueles interessados em conhecer o autor através de suas próprias palavras, seja por meio de seus vários trabalhos de cunho acadêmico ou de divulgação científica, seja através das várias entrevistas dadas à mídia — caso do programa Viagem ao mundo das línguas indígenas, produzido pela Rádio Nederland (Holanda), em que se pode ouvir, em primeira pessoa, o relato de vários aspectos de sua vida e obra. Entre os trabalhos mais acessíveis ao público geral, alguns estão disponíveis online:
- Panorama das línguas indígenas da Amazônia. ComCiência, 2000
- A originalidade das línguas indígenas brasileiras. ComCiência, 2001
- Sobre as línguas indígenas e sua pesquisa no Brasil. Ciência & Cultura, 2005
Agradecimentos:
Na criação da Coleção Aryon Rodrigues, a Biblioteca Digital Curt Nimuendaju conta com o apoio do Laboratório de Línguas Indígenas da Universidade de Brasília, nas pessoas de Ana Suelly Arruda Câmara Cabral e Lidiane Szerwinsk Camargos.